Vamos falar sobre o poder da vulnerabilidade para a Marca Pessoal?
Eu pensei (e repensei) algumas vezes antes de escrever este artigo. Confesso minha vulnerabilidade em falar sobre o tema.
Não é fácil escrever sobre algo tão subjetivo, pessoal, delicado e que pode mudar a forma de comunicar a sua (ou a minha) Marca Pessoal.
Se você ainda não viu ou não ouviu a respeito, recomendo fortemente que pare tudo (mas volte depois para ler este artigo) e assista ao TED talk da Brené Brown no You Tube que é: “O Poder da Vulnerabilidade”.
Brené Brown é uma renomada pesquisadora da Universidade de Houston, que palestra em muitos eventos. E neste TED talk ela explica que é impossível alcançarmos os nossos objetivos se não aceitarmos quem somos, com os nossos erros, as nossas inseguranças e dúvidas.
A vulnerabilidade se tornou um termo amplamente falado e discutido graças a este famoso vídeo, o qual já conta com mais de 2 milhões de visualizações.
E desde abril de 2019 também é possível assistir ao documentário de Brené denominado “Call to Courage”, na Netflix, em que ela discute com humor e empatia o que é preciso para escolher coragem e não conforto em uma cultura definida por escassez, medo e incerteza.
Nunca se falou tanto sobre mostrar-se de forma autêntica e aceitar que todos somos imperfeitos.
No entanto, se buscarmos o termo vulnerabilidade encontraremos sinônimo de fraqueza, frágil ou delicado.
Vivemos em uma sociedade que ainda se fala muito que ser forte é se posicionar como aquele que dá conta de tudo o tempo todo, sem medos e inseguranças.
Além disso, o ser humano tem uma necessidade enorme de pertencimento: de sentir que faz parte de algum grupo, de que é admirado e respeitado.
E por causa desta necessidade, muitas vezes para não correr o risco de ser rejeitado e não ser aceito, acaba vestindo máscaras de acordo com personagens e circunstâncias. Afinal ninguém quer ser julgado ou criticado.
Porém, na pesquisa feita pela Brené Brown ela nos apresenta que vulnerabilidade anda lado a lado com a coragem. Que só é vulnerável quem tem coragem, pois entender quais são os nossos medos, as frustrações, a vergonha e o que nos incomoda nos torna mais fortes.
As pessoas se distanciam quando percebem que a outra pessoa não tem uma essência verdadeira, quando mente, diz ser uma coisa e na verdade não é. Ninguém é perfeito.
As pessoas se aproximam de quem é verdadeiro, de quem tem fraquezas, mas que são estas fraquezas que as tornam melhores e mais fortes.
Acredite: vulnerabilidade atrai! Conecta! Pessoas se conectam com pessoas reais, com histórias, sentimentos e valores que compartilham.
Mas porque mostrar a “fraqueza” da minha marca pessoal é tão importante nos dias de hoje?
Porque estamos imersos em um mundo “instagramável” e perfeito das redes sociais e outras plataformas de comunicação, em que a grande maioria mostra momentos perfeitos, sem problemas, sem incertezas e altamente controláveis.
São situações que nos levam a achar que a grama do vizinho sempre é mais verde e melhor do que a nossa.
O erro está aí! Pessoas se conectam com pessoas (de novo!). Quem nunca passou por vergonha, medo e outros sentimentos assim? As pessoas se identificam com o relato, com a história, com os sentimentos do outro.
Mas então eu devo só compartilhar fatos ruins? Claro que não! E nem estou falando somente de redes sociais. Estou falando do mundo offline também. O que todos querem e se identificam são com boas histórias, e que estas sejam verdadeiras, com essência. E tudo bem se ela for vulnerável.
Todos tem dias bons e ruins. Ser autêntico, mostrar os bastidores também é importante! Se esconder somente no que é bom, não conecta mais (se é que algum dia conectou!).
E é aqui que entra o perfeccionismo.
Perfeccionismo é um mecanismo de defesa de ser vulnerável. Por exemplo, se eu fizer isso com perfeição, eu posso evitar ou minimizar os julgamentos sobre mim, de que sou vulnerável.
E a real é que as empresas se cansaram de ouvir dos candidatos, ao serem questionados sobre seus defeitos, que são perfeccionistas. Virou padrão da maioria dizer que é perfeccionista.
Para muitos a presença do perfeccionismo é sinal de estagnação, demora, algo ou alguém que não tem dinamismo. É procrastinar. É perder a agilidade que o mundo pede hoje em dia. É estar parado no momento em que todos estão se movimentando: errando e aprendendo para melhorar o que estão construindo.
A marca pessoal forte de hoje é aquela que aprende com seus erros, que mostra ao seu público de interesse que falar de sentimentos e entendê-los é essencial para sua evolução.
Mas como nem tudo são vulnerabilidades, já deixo a dica...é preciso dosar e equilibrar o quanto falamos e mostramos as nossas vulnerabilidades e glórias. Recomendo que tanto um quanto outro faça parte (mas não se limite a nenhum) da sua história “mostrável e instagramável”.
É maravilhoso ver momentos de felicidade, mas o meio importa! O que você passou para chegar até lá, o que você enfrentou, os desafios superados (que são suas vulnerabilidades) engrandecem a sua história.
Não é a toa que os posts, vídeos e conversas mais lembrados e curtidos de marcas (pessoais e corporativas) são aqueles de superação, onde há a identificação do problema, o que isso mexeu na identidade e transformou a trajetória.
Agora, atente-se! Não estou falando de “storytelling construído” para ganhar audiência, prestígio e notoriedade. Estou dizendo “truthtelling”, ou seja, história de verdade.
Se considerarmos as skills de ser criativo e inovador, por exemplo, é impossível se tornar um destes sem ser vulnerável, porque somente com as incertezas, falhas, erros e tentativas é que se chega a uma boa ideia, a um bom resultado.
E você, concorda? Qual a sua vulnerabilidade?
Na próxima entrevista (ou qualquer situação que tenha que falar sobre seus defeitos) deixe de lado o perfeccionismo e abrace de verdade uma vulnerabilidade sua e como ela te ajudou ou te ajuda a crescer.